Na imagem dos anos 1940, a antiga Igreja Matriz de Londrina se impõe sobre a paisagem da praça Marechal Floriano Peixoto, ainda sem suas duas torres. A construção em estilo neogótico, com janelas ogivais e estrutura ainda modesta, revela um momento crucial da cidade: um tempo de fé, de terra vermelha e de expectativas sobre o futuro.

Em torno da Matriz, tudo pulsava: a feira, as celebrações, os primeiros desfiles cívicos e os marcos políticos de uma Londrina ainda envolta por cafezais e matas em desbravamento. A praça Marechal Floriano, ao lado da igreja, já delineava os traços de um espaço urbano planejado. Jardins geométricos, luminárias e canteiros bem cuidados mostravam a tentativa de dotar a cidade nascente de uma aura de civilidade e ordem. Era o cartão-postal da Londrina que queria ser moderna, europeia, cosmopolita — ainda que os pés de seus moradores estivessem enterrados na poeira espessa da terra roxa.

As torres da igreja que se tornaram ícones, só seriam construídas na década de 1950. A ausência delas na foto, no entanto, não diminui o peso simbólico do templo. Pelo contrário: evidencia a transição entre o improviso pioneiro e a monumentalidade que viria. Cada pedra, cada vitral, carregava a marca de uma comunidade que se formava com trabalho, fé e promessas.

Mais que uma paisagem, essa imagem é um retrato de intenções: uma igreja que ainda não era catedral, uma praça que também se transformaria, uma cidade que ainda se fazia. E, ao fundo, as árvores que resistem como testemunhas silenciosas do tempo e das transformações.

Fontes: Boni, Paulo César et al. Memórias fotográficas: a fotografia e fragmentos da história de Londrina. Londrina: Midiograf, 2013. / Tomazi, Nelson Dácio. Norte do Paraná: história e fantasmagorias. Curitiba: UFPR, 1997. / Acervo Londrina Histórica.

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