Às 15h de 28 de julho de 1935, um instante singular ficou registrado na história de Londrina: a chegada da locomotiva Baldwin, no ponto inicial da ferrovia, hoje imortalizada por uma fotografia que simboliza a conexão entre o isolamento sertanejo e a modernidade que se aproximava a passos de aço. Mais do que um transporte de cargas ou pessoas, essa locomotiva representava o avanço da malha ferroviária e o próprio projeto civilizatório planejado pela Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP).

A chegada do trem à cidade recém-fundada integrava Londrina a um sistema logístico essencial para o escoamento da produção cafeeira, o verdadeiro motor da economia local. A locomotiva Baldwin — fabricada nos Estados Unidos e trazida ao Brasil no bojo das grandes aquisições tecnológicas para infraestrutura da CTNP — foi símbolo de um tempo de acelerado desenvolvimento urbano e de engenharia colonizadora de precisão britânica.

Naquele dia de 1935, o apito da locomotiva foi a confirmação de que Londrina deixava de ser um núcleo isolado para se firmar como polo de atração econômica. O prolongamento da Estrada de Ferro São Paulo-Paraná até Londrina era uma estratégia essencial para consolidar a colonização racional e facilitar o transporte do café, ainda em início de cultivo em terras férteis e recém-desbravadas.

É importante notar que a ferrovia, ainda que fundamental, também significou rupturas. Em seu rastro, ficaram memórias de expulsões de comunidades indígenas e substituições abruptas das paisagens naturais. Essa ambivalência, entre progresso e perda, é parte constitutiva da história da cidade.

Fontes: Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Tomazi, Nelson Dácio. Norte do Paraná: história e fantasmagorias. Curitiba: UFPR, 1997. / Acervo Londrina Histórica.

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