Em plena efervescência urbana de 1963, o centro de Londrina vibrava com as tensões e encantos do progresso. A fotografia capturada por Francisco de Almeida Lopes revela uma praça Gabriel Martins em plena vitalidade: Kombis alinhadas à direita, calçamento de paralelepípedos e dois ícones culturais emoldurando o cenário: o Cine Augustus, imponente à direita e, ao fundo, o Cine Londrina, que exibia à época o clássico “Os Pássaros”, de Alfred Hitchcock.

Muito além de um espaço de passagem, a praça era um ponto de convergência para lazer, encontros e cultura. Nomeada em homenagem ao médico Gabriel Carneiro Martins, que assumiu em 1939 o Posto de Higiene de Londrina, a praça carrega consigo a memória da saúde pública em tempos de precária infraestrutura sanitária. Martins foi um dos primeiros profissionais a combater epidemias e implantar diretrizes básicas de atendimento, deixando um legado silencioso que ainda reverbera.

Na década de 1960, a região era marcada por uma intensa vida cultural. Os cinemas eram templos modernos do imaginário popular, trazendo a Londrina filmes internacionais num tempo em que a televisão ainda engatinhava. O Cine Augustus, com sua fachada arredondada e letreiro estilizado, simbolizava o glamour da sétima arte. Já o Cine Londrina, mais recuado e discreto, conquistava o público pela programação diversificada.

Em 1977, a praça Gabriel Martins foi incorporada ao Calçadão de Londrina, um marco urbanístico da gestão do prefeito Antonio Casemiro Belinati, com projeto assinado pelo arquiteto Jaime Lerner — o mesmo que transformaria Curitiba em modelo mundial de urbanismo. A proposta de Lerner unia mobilidade, convivência e paisagismo, e a praça, então, passou a dialogar com o novo desenho da cidade moderna.

Fontes: Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Blog Londrina Histórica / Magalhães, Leandro. Rua Sergipe – Patrimônio Cultural Londrinense. Londrina: 2012. / Acervo Londrina Histórica. 

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