Em uma época em que a educação musical era restrita a padrões conservadores e predominantemente femininos — quando, como se dizia, “as boas moças tocavam piano” — três professoras ousaram mudar o rumo dessa história em Londrina. Foi em 1952 que Betty Veiga, Maria Luiza Machado e Elza Pinho de Brito fundaram o Conservatório Musical de Londrina, o primeiro da cidade, com foco inicial na formação pianística. O projeto marcava um novo ciclo para a música no Norte do Paraná.

No ano seguinte, o cenário se ampliaria com a chegada de Ruth Lemos, pianista formada em São Paulo e discípula de Magdalena Tagliaferro. Dinâmica e inovadora, Ruth trouxe novas metodologias e uma proposta pedagógica mais abrangente. Sob sua liderança, o Conservatório passou a oferecer cursos que iam além do piano e incorporavam instrumentos pouco difundidos à época, como harpa, oboé e acordeon. A música erudita dividia espaço com as artes cênicas, sinal de que a instituição, além de formar músicos, fomentava uma cultura artística mais ampla.

Durante essa fase inicial, nomes como Evelina Grandis — e seu grupo de acordeons —, Maestro Andréa Nuzzi, Ermy D’Aprille no canto lírico e Clara Brilman na produção cultural deixaram marcas importantes. Com a organização das primeiras “Semanas da Música”, nos anos 1960, o Conservatório trouxe a Londrina concertistas de renome como João Carlos Martins, Arnaldo Rebello e Eudóxia de Barros, consolidando sua reputação como polo difusor da música de concerto no interior do país.

Mais do que uma escola, o Conservatório tornou-se um espaço de ruptura e afirmação cultural em uma cidade ainda em formação. O que começou com a coragem de três professoras, transformou-se em um legado que moldaria o perfil artístico de Londrina nas décadas seguintes.

Fontes: Conservatório Musical de Londrina / Acervo Londrina Histórica.

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