A primeira equipe médica da Santa Casa de Londrina, definida apenas dois dias após a inauguração, é, até hoje, símbolo de pioneirismo, solidariedade e organização comunitária.

Sob liderança do diretor clínico Anísio Figueiredo, a equipe foi composta por 21 profissionais, divididos entre “especialistas” e “clínicos”. Esse arranjo refletia tanto as necessidades da época quanto a disponibilidade dos médicos, muitos deles vindos de outros estados, que haviam apostado seu futuro em Londrina, cidade então em vertiginoso crescimento.

Entre os especialistas, estavam nomes que marcaram a medicina local, como a pediatra Yolanda Skowroneck — a primeira médica mulher a se estabelecer em Londrina —, além de Orlando Vicentini, Afonso Nacle Haikal e os otorrinolaringologistas Newton Câmara, Josino Rocha Loures e Lino Teles. Eles eram referência nos casos mais específicos, que exigiam conhecimento além da clínica geral.

Os clínicos, por sua vez, eram 14, organizados em sete duplas, numa dinâmica que garantia o revezamento e a cobertura integral dos pacientes internados. Figuras como Octávio Genta, Ernesto Cavalcanti, Jonas de Faria Castro Filho e os irmãos João e Anísio Figueiredo, entre outros, compunham esse time que se tornaria base da medicina londrinense.

O modelo de funcionamento era inovador: os médicos tinham liberdade para internar seus pacientes particulares, que os remuneravam diretamente. A Santa Casa cobrava as diárias e os serviços hospitalares. Em contrapartida, havia um pacto social: todos os médicos atendiam gratuitamente os indigentes — desde que estes apresentassem um “atestado da polícia”, comprovando sua condição de vulnerabilidade social.

Arnaldo Pereira Braga, farmacêutico e proprietário de um laboratório de análises clínicas, também se destacou ao oferecer exames gratuitos até que uma tabela oficial de preços fosse organizada pela Sociedade Médica, Odontológica e Farmacêutica de Londrina.

Fontes: José Antônio Pedriali. Uma viagem através do tempo. Do pioneirismo à modernidade: evolução dos serviços médicos de Londrina. Londrina: Museu Histórico de Londrina, Unimed, 2021. 123 p. / Acervo Londrina Histórica.

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