Ao contar a história de Londrina, é impossível não reconhecer a contribuição dos imigrantes japoneses para a formação agrícola, econômica e cultural da cidade. Contudo, pouco se fala sobre o papel silencioso, mas absolutamente fundamental, das mulheres japonesas nesse processo. Elas não apenas cruzaram oceanos — cruzaram também fronteiras culturais, sociais e econômicas, deixando um legado que molda Londrina até hoje.

A partir da década de 1930, enquanto seus maridos se dedicavam à lavoura, especialmente na horticultura e no cultivo de algodão e frutas, essas mulheres assumiam jornadas triplas. Cuidavam da casa, dos filhos e, frequentemente, dividiam com os homens o trabalho pesado no campo. Era comum vê-las nas colheitas, no preparo das mudas e até na comercialização de produtos nas feiras livres — muitas das quais ainda hoje são marcadas pela presença de descendentes nipônicas.

Apesar de inicialmente confinadas aos papéis tradicionais impostos pela cultura e pelo contexto da imigração, essas mulheres foram fundamentais para a ascensão econômica e social da comunidade japonesa em Londrina. Nos anos 1950 e 1960, algumas se destacaram na administração de negócios familiares, no ensino da língua japonesa, na organização de eventos culturais e assistenciais e no fortalecimento das associações nikkeis da cidade.

Foram também as responsáveis por garantir que, mesmo longe do Japão, as tradições, os valores e, sobretudo, a importância da educação se mantivessem vivos. Incentivaram gerações de filhos e filhas a ingressarem nas universidades — e, hoje, ocupam espaços de destaque no comércio, na medicina, na política e nas artes londrinenses.

Fontes: Emiko Takeda. Mulheres japonesas no Brasil: desafios e conquistas. São Paulo: Editora Sakura, 2012. / Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Acervo Londrina Histórica.

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