Uma perda que salvou vidas: a origem da UTI na Santa Casa de Londrina

1970


Era o início da década de 1970 quando uma tragédia se transformou em divisor de águas na medicina londrinense. A inesperada morte do anestesista Francisco Josolino, natural de Rolândia, escancarou uma fragilidade até então ignorada: Londrina não contava com uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Na tentativa de reverter o infarto de Josolino, foram aplicadas todas as manobras possíveis — inclusive a dramática massagem cardíaca aberta, feita diretamente sobre o coração. Mas, sem sucesso.

O episódio abalou a comunidade médica e deixou claro um problema: a ausência de um desfibrilador e de estrutura adequada para emergências cardiovasculares. O então diretor clínico da Santa Casa, Luis Ernani Caffaro Góis, não hesitou em apontar a falha. E foi direto: a Santa Casa precisava urgente de um espaço equipado para enfrentar esse tipo de situação. A proposta foi acolhida prontamente pela Provedoria da instituição.

Assim, em caráter emergencial, três quartos localizados sobre a capela — que, até pouco tempo antes, serviam de moradia às irmãs do Instituto de Maria de Schoenstatt — passaram por uma transformação radical. Paredes vieram abaixo, criando um ambiente interligado e funcional, onde nasceu a primeira UTI de Londrina.

O espaço era equipado com o que havia de mais avançado na época: monitor de eletrocardiograma, aparelhos de ressuscitação, desfibrilador e um carro de emergência, verdadeiro arsenal contra o inesperado. O treinamento dos primeiros plantonistas ficou sob responsabilidade do cirurgião gástrico José Koji Uratani, que trouxe da sua própria experiência técnica a base para esse serviço pioneiro.

O que começou como resposta a uma perda irreparável, rapidamente se consolidou como modelo de cuidado intensivo. A implantação da UTI na Santa Casa não só mudou os rumos do hospital, como também elevou o padrão da medicina de Londrina, alinhando-a às melhores práticas nacionais da época.

Fontes: José Antônio Pedriali. Uma viagem através do tempo. Do pioneirismo à modernidade: evolução dos serviços médicos de Londrina. Londrina: Museu Histórico de Londrina, Unimed, 2021. 123 p. / Acervo Londrina Histórica.

Compartilhe

Inscreva-se

* respeitamos nossos inscritos, não enviamos spam.

Inscreva-se

* respeitamos nossos inscritos, não enviamos spam.

Cookies: nós captamos dados por meio de formulários para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade.