Em 1955, em uma Londrina em franco crescimento, nasceu um gesto arquitetônico e social de profunda sensibilidade: a Casa da Criança. Foi um manifesto concreto de que o modernismo também podia servir aos pequenos, não apenas à elite ou ao mercado. Projetada por João Batista Vilanova Artigas e Carlos Castaldi, a edificação modernista rompeu com a tradição arquitetônica da época ao colocar a infância no centro da atenção pública. Com linhas puras, espaços amplos e soluções funcionais, a obra foi pensada para acolher, proteger e educar. Um projeto de vanguarda que integrava arquitetura e pedagogia.

Nos anos 1960, sua função inicial foi encerrada, mas o edifício resistiu, ganhando outros usos, sempre ligados à cultura e à educação. Virou biblioteca pública, depois sede do Departamento de Cultura e, desde 1992, abriga a Secretaria Municipal da Cultura. Também, o espaço passou a abrir a Biblioteca Infantil, um aceno ao passado acolhedor do espaço.

Na fachada principal, um painel de azulejos foi instalado nos anos 1980, retratando Londrina em 1934 e em 1984. O contraste entre as duas imagens materializa o salto urbano da cidade em 50 anos e reforça o simbolismo do prédio: um lugar de memória e de futuro.

Tombado como patrimônio, a Casa da Criança foi o primeiro bem protegido por lei municipal em Londrina. Não por acaso. Em um gesto simbólico e poético, a cidade decidiu preservar o espaço que, antes de tudo, cuidou de suas crianças. E em 2016, graças à restauração promovida pela administração do município, o projeto original de Artigas e Cascaldi voltou a respirar, livre dos anexos que descaracterizavam sua volumetria.

A Casa da Criança segue de pé como memória viva de um tempo em que Londrina escolheu construir, junto com seus muros, um ideal de cuidado.

Fontes: Secretaria Municipal da Cultura de Londrina – Diretoria de Patrimônio / Acervo Londrina Histórica.

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