No início da década de 1980, Londrina ensaiava uma nova etapa de sua expansão urbana, buscando dar respostas aos gargalos de infraestrutura impostos pelo próprio crescimento acelerado das décadas anteriores. Era tempo de reconfigurar não só os fluxos de mobilidade, mas também os símbolos da modernidade. Neste cenário, a construção da quinta e atual rodoviária da cidade se impôs como um marco tanto físico quanto simbólico.

A nova estação rodoviária se diferenciava radicalmente de suas antecessoras, não apenas pelo porte, mas pela concepção arquitetônica e urbanística. Localizada em um entroncamento estratégico entre a avenida Dez de Dezembro e a avenida Leste-Oeste, a edificação concretizava uma tentativa de reorganizar os fluxos urbanos num momento em que a verticalização do centro e o adensamento populacional exigiam soluções mais integradas de transporte.

A imagem da construção revela tanto o estágio da obra quanto o espírito de sua época: guindastes, concreto armado e o traço de uma arquitetura monumentalista sugerem o otimismo de um poder público que buscava reafirmar Londrina como polo regional de influência. Contudo, ao contrário de muitas obras marcadas pela pressa e improviso, a rodoviária levou anos até sua inauguração oficial, o que acabou por suscitar críticas quanto à gestão e à execução do projeto, que necessitou de uma grande adaptação para tornar viável financeiramente a sua conclusão.

Ainda assim, a construção dos anos 1980 assumia o protagonismo de um equipamento urbano de grande porte, capaz de conectar a cidade a um Brasil em transformação.

Fontes: Boni, Paulo César; Unfried, Rosana Reineri. Memórias fotográficas: a fotografia e fragmentos da história de Londrina. Londrina: Midiograf, 2013. / Casaril, Carlos Cassemiro. Meio século de verticalização urbana em Londrina – PR e sua distribuição espacial: 1950–2000. Londrina: UEL, 2008. / Schwartz, Widson. Londrina: 86 anos de progresso incessante. Londrina: CBN, 2020. / Acervo Londrina Histórica.

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