Ao longo de suas nove décadas de existência, Londrina experimentou profundas transformações sociais e urbanas e também mudanças significativas em seu clima e ambiente natural. Ainda que pouco explorada em profundidade pelas narrativas históricas tradicionais da cidade, a questão climática ocupa papel decisivo na trajetória do município, especialmente quando se considera sua íntima relação com a agricultura e a expansão urbana.

Desde os primeiros registros da colonização promovida pela Companhia de Terras Norte do Paraná, o Norte do estado foi exaltado pela fertilidade da terra roxa e pela regularidade do clima subtropical. Essa combinação favoreceu o cultivo do café, tornando Londrina a capital brasileira do grão entre as décadas de 1950 e 1960. No entanto, a dependência do café como monocultura e o intenso desmatamento da mata nativa — a floresta estacional semidecidual — acabaram por alterar significativamente os padrões ambientais da região.

O fim da hegemonia cafeeira coincidiu com uma série de geadas severas, como a de 1975, que arrasaram os cafezais e precipitaram a diversificação agrícola. Muitos produtores migraram para a soja e o trigo, culturas menos sensíveis ao frio extremo. Essa transição foi acompanhada por um uso mais intensivo do solo, com impacto direto sobre os recursos hídricos, a fauna e a flora locais.

Mais recentemente, os efeitos das mudanças climáticas globais têm se manifestado em Londrina por meio de verões mais longos e secos, chuvas intensas em períodos curtos e invernos menos rigorosos. Eventos como alagamentos e aumento da temperatura média urbana, associados à expansão desordenada e à impermeabilização do solo, passaram a ser mais frequentes.

Fontes: Tomazi, Nelson Dácio. "Norte do Paraná": História e Fantasmagorias. Curitiba: UFPR, 1997. / Schwartz, Widson. Londrina: 86 anos de progresso incansável. Londrina: CBN/Midiograf, 2020. / Acervo Londrina Histórica.

Outras publicações: