Em Londrina, há mais de quatro décadas, a Sexta-feira Santa ganha um significado ainda mais especial. Desde 1978, a encenação da Paixão de Cristo é apresentada à comunidade com entrada gratuita, em um espetáculo que une fé, arte e emoção. O palco dessa tradição, consolidada como uma das maiores manifestações culturais da cidade, é o Centro Social Urbano (CSU), onde milhares de pessoas se reúnem anualmente para reviver os últimos passos de Jesus Cristo.

A origem da encenação remonta ao Grupo de Jovens da Paróquia Nossa Senhora da Paz (Mojepa), que idealizou a primeira apresentação no ambiente acolhedor da igreja local. Na década de 1980, a crescente adesão do público e a vontade de levar a mensagem cristã a um número maior de pessoas impulsionaram a mudança para o CSU. Desde então, o local se transformou em verdadeiro palco a céu aberto, capaz de receber, em algumas edições, até 30 mil espectadores — um feito que reafirma sua importância como o maior teatro público da região norte do Paraná.

O espetáculo é marcado por um envolvimento comunitário notável. Voluntários de todas as idades se dedicam à produção, figurino, maquiagem, cenografia e, claro, à atuação. A montagem, que mistura teatro, música e iluminação dramática, emociona ao retratar com sensibilidade e impacto visual os momentos que antecedem a crucificação de Cristo — um convite à reflexão e à espiritualidade.

Mais do que um evento religioso, a Paixão de Cristo em Londrina se tornou patrimônio cultural afetivo, celebrado não apenas pelos católicos, mas por toda a população que reconhece no espetáculo uma expressão de identidade, fé e pertencimento. A cada ano, o público se renova, mas o sentimento é o mesmo: comover-se diante de uma história contada com o coração. 

Fontes: Acervo Folha de Londrina / Acervo Londrina Histórica.

Outras publicações: