1943
A cena registrada pela lente de Carlos Stenders, em 1943, escancara a realidade dura da rua Sergipe em seus primórdios: uma longa faixa de barro, espessa e traiçoeira, moldando o caminho de pedestres e cavalos. A imagem quase fala — é possível, ao observá-la, imaginar o som do passo incerto, o peso dos sapatos grudados na lama, o esforço para atravessar aquele mar de terra vermelha transformada em terreno escorregadio após a chuva.
À esquerda, poucos homens de paletó caminham cautelosamente, desviando dos sulcos lamacentos. À direita, construções simples de madeira e cercas toscas, delineiam o que já era, mesmo naquela época, uma rua vital para o comércio local. Placas improvisadas sinalizam pequenas vendas e serviços, anunciando a vocação que faria da Sergipe uma das artérias mais importantes de Londrina nas décadas seguintes.
O barro da famosa terra roxa, molhado e escorregadio, impunha seus desafios. Um tropeço qualquer poderia terminar com roupas enlameadas e sapatos arruinados — dramas diários em tempos em que o calçamento era ainda um sonho distante. A luta diária contra o barro era também símbolo de uma cidade jovem, forjada no enfrentamento da natureza.
Ainda longe do brilho comercial e do tráfego intenso que marcariam seu futuro, a rua Sergipe dos anos 1940 era um esboço vigoroso do que Londrina se tornaria. Seus primeiros comércios resistiam bravamente, mesmo sem a infraestrutura urbana necessária. Cada pegada na lama era também uma marca da vontade de crescer, de construir uma cidade que, mais adiante, pavimentaria seus caminhos não apenas com asfalto, mas com a memória viva daqueles tempos em que cada deslocamento era, em si, uma pequena aventura.
Fontes: Acervo Folha de Londrina / Prefeitura do Município de Londrina / Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Acervo Londrina Histórica.
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