Três eleições, uma década: o pulso político de Londrina entre 1992 e 2000

1992



A sequência das eleições municipais em Londrina nos anos 1990 e início dos anos 2000 revela muito mais do que nomes vitoriosos e derrotas apertadas. Juntas, as disputas de 1992, 1996 e 2000 traçam um retrato complexo e dinâmico da relação entre os londrinenses e seus governantes, expondo alternâncias ideológicas, surpresas eleitorais e um eleitorado cada vez mais protagonista na construção da história política local.

Em 1992, a vitória de Luiz Eduardo Cheida pelo PT no segundo turno foi a primeira de um campo progressista na cidade. Com 51,85% dos votos, Cheida derrotou o então favorito Wilson Moreira (PSDB), que havia liderado o primeiro turno. O resultado mostrou o poder da mobilização de alianças de segundo turno e evidenciou o desejo de mudança após um período de desgaste político. Na época, a presença de Assad Jannani como vice reforçava a tentativa de convergência entre esquerda e centro, simbolizando um experimento de coalizão progressista bem-sucedido.

Quatro anos depois, o cenário se inverteu. Antonio Belinati, velho conhecido dos eleitores, retornava ao cargo com apoio do PDT e do PTB. Sua vitória sobre Luiz Carlos Hauly (PSDB), com 52,74% dos votos no segundo turno, foi marcada por uma campanha que valorizava a experiência administrativa e o legado de obras. O resultado de 1996 reaproximou a cidade de uma gestão mais populista, pautada por forte apelo direto com a população, e deixou claro que o carisma pessoal ainda era um ativo decisivo nas urnas.

Já em 2000, Londrina viveu um novo capítulo inesperado. Nedson Micheleti, do PT, que havia conquistado apenas 27,24% dos votos no primeiro turno, foi impulsionado por uma reconfiguração do campo progressista e alcançou uma vitória expressiva contra Homero Barbosa Neto (PDT), somando 64,15% dos votos válidos. Naquele momento, a amplitude da diferença evidenciou a consolidação de Micheleti como alternativa confiável e viável para setores antes fragmentados. A chapa com Luiz Carlos Bracarense (PPS) unificou forças de esquerda e centro-esquerda e dialogou com um eleitorado que buscava gestão técnica aliada a compromisso social.

O que os três pleitos revelam é uma Londrina em constante disputa simbólica entre tradição e renovação, conservadorismo e progressismo, técnica e carisma. Nenhuma vitória foi absoluta em termos ideológicos — todas dependeram de coalizões amplas e da capacidade de leitura do momento político. A cidade demonstrou, ao longo dessa década, uma disposição para experimentar caminhos distintos, premiando ora a experiência, ora a promessa de novidade.

Fontes: Prefeitura do Município de Londrina / Acervo Londrina Histórica.

Compartilhe

Inscreva-se

* respeitamos nossos inscritos, não enviamos spam.

Inscreva-se

* respeitamos nossos inscritos, não enviamos spam.

Cookies: nós captamos dados por meio de formulários para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade.