1990
Na fotografia em preto e branco, registrada ainda nos anos 1990, mostra o Calçadão, símbolo urbano moldado por ideias visionárias, como a do arquiteto Jaime Lerner, que nos anos 1970 e 1980 já provocava cidades a se reinventarem para o pedestre. Em Londrina, essa proposta ganhou forma e identidade ao longo da avenida Paraná.
A imagem revela um estilo de vida em formação. Ao centro, os emblemáticos quiosques — estruturas geométricas, padronizadas, com função comercial e de serviço — se misturam ao vaivém de pedestres. A banca de revista se destaca na foto e, em suas paredes, as palavras "ciúme", "romance", "carinho" e "amizade" formam uma curiosa vitrine de sentimentos. À esquerda, a fachada de comércios tradicionais — farmácias, restaurantes e armarinhos — confirma a vocação comercial da região.
Um dos elementos mais icônicos do espaço é o conjunto de luminárias em formato de pinha, evocando as araucárias, árvore-símbolo do Paraná. A escolha não é fortuita: estabelece um elo simbólico com o território, remetendo ao bioma da região e ao pertencimento local. Elas se tornam, na paisagem, tão importantes quanto os próprios edifícios.
Mas o que mais chama a atenção é a própria ausência de carros. Em um tempo em que os centros urbanos se tornavam intransitáveis, Londrina ousou devolver a rua às pessoas. O Calçadão, com seu piso de petit-pavé, bancos públicos e árvores plantadas lado a lado dos postes, convidava ao passeio, ao encontro, ao comércio feito de olho no olho.
Mesmo diante de mudanças em suas características, ao longo das décadas, esse espaço ainda permanece como um símbolo de uma Londrina que se encontra e se reconhece em seus traços urbanísticos.
Fonte: Arquivo Folha de Londrina / Diretoria de Patrimônio Histórico-Cultural de Londrina / Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Acervo Londrina Histórica.
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