1930
Entre os anos 1930 e 1940, o som do idioma japonês, outrora comum nas comunidades agrícolas de Londrina, passou a ser alvo de repressão oficial. Com o avanço das políticas nacionalistas do Estado Novo, a escola — espaço central de preservação cultural para os imigrantes — tornou-se também um campo de conflito entre a identidade nipo-brasileira e o projeto de homogeneização linguística do governo.
Decretos como o nº 383, de abril de 1938, proibiram o ensino de línguas estrangeiras em escolas primárias, atingindo diretamente as instituições mantidas por comunidades imigrantes. Em Londrina, essas medidas resultaram no fechamento de escolas nipônicas e na perseguição a professores.
A política do "abrasileiramento" escolar foi acompanhada de um esforço simbólico para apagar manifestações culturais estrangeiras. Livros e materiais pedagógicos foram recolhidos, eventos culturais suspensos e famílias orientadas a usar exclusivamente o português, inclusive dentro de casa. Para crianças nipo-brasileiras, isso significou, muitas vezes, o rompimento precoce com a língua dos pais e avós.
As circunstâncias foram além do controle educacional, tratavam-se de uma estratégia de assimilação forçada, que ignorava a pluralidade cultural que ajudou a construir Londrina. O ensino da língua japonesa, que promovia vínculos familiares e comunitários, passou a ser associado a “desvio ideológico” ou ameaça à segurança nacional.
Mesmo diante da repressão, a resistência persistiu em formas discretas. Aulas clandestinas, encontros comunitários e o uso do idioma no ambiente doméstico mantiveram viva uma herança que as políticas oficiais tentaram suprimir. Com o fim do Estado Novo e a redemocratização do país, parte dessa memória pôde emergir novamente.
Fontes: Bruno Sanches Mariante da Silva. O ‘Perigo Japonês’ em Londrina (1934–1956): o caso da construção do aeroporto” (2008) / Acervo Londrina Histórica.
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