1940
Na Londrina da década de 1940, um debate sobre infraestrutura urbana trouxe à tona as disputas por território e também a face oculta de uma política de exclusão. A construção do aeroporto da cidade, projeto essencial para sua consolidação como centro regional de comércio e produção agrícola, foi acompanhada por um discurso oficial que associava a localização do equipamento a um suposto risco estratégico: a presença da colônia japonesa.
O episódio, detalhado em documentos da época e analisado posteriormente por pesquisadores, como no artigo “O ‘Perigo Japonês’ em Londrina (1934–1956): o caso da construção do aeroporto”, escrito por Bruno Sanches Mariante da Silva, sob a orientação do professor Rogério Ivano, da Universidade Estadual de Londrina, revela como a comunidade nipo-brasileira, ainda que integrada à dinâmica econômica e social da cidade, era tratada com desconfiança pelo poder público.
A justificativa para deslocar o aeroporto de sua localização inicial — uma área com forte presença de famílias japonesas — estava ancorada na ideia de que ali poderia haver espionagem ou influência estrangeira contrária aos interesses nacionais. Mas esse tipo de discurso não era exclusivo de Londrina. No auge do Estado Novo e durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil apoiou os países Aliados e adotou uma postura interna de vigilância sobre estrangeiros oriundos de países do Eixo, como Japão, Alemanha e Itália.
Ao vincular a segurança do aeroporto à exclusão dos japoneses, a administração local produziu um ato simbólico de desconfiança institucionalizada. A terra que havia sido cultivada e valorizada por esses imigrantes foi preterida em nome de uma retórica que mascarava preconceito sob o manto do planejamento urbano.
Fontes: Bruno Sanches Mariante da Silva. O ‘Perigo Japonês’ em Londrina (1934–1956): o caso da construção do aeroporto” (2008) / Acervo Londrina Histórica.
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