1930
Nas décadas de 1930 e 1940, em plena consolidação de Londrina como polo agrícola do Norte do Paraná, uma parcela essencial de sua população passou a ser alvo de políticas restritivas e discursos oficiais de desconfiança: os imigrantes japoneses; conforme conta o artigo intitulado “O ‘Perigo Japonês’ em Londrina (1934–1956): o caso da construção do aeroporto”, de autoria de Bruno Sanches Mariante da Silva, sob a orientação do professor Rogério Ivano, da Universidade Estadual de Londrina.
Mesmo tendo sido responsáveis pela dinamização da produção agrícola regional, especialmente do café, a comunidade nipônica viu-se enquadrada como "ameaça" à identidade nacional em meio ao projeto autoritário do Estado Novo. Inspirado por ideais nacionalistas e centralizadores, o governo de Getúlio Vargas reforçou mecanismos de controle sobre populações estrangeiras. Medidas como a “Lei dos Dois Terços”, que determinava que ao menos dois terços dos trabalhadores de empresas fossem brasileiros natos, e o Decreto-Lei nº 383 de 1938, que limitava o ensino de idiomas estrangeiros e associava a língua ao risco ideológico, impactaram diretamente a comunidade nipo-brasileira.
Em Londrina, essas diretrizes ganharam contornos mais agudos por conta do rápido crescimento econômico e da presença marcante de imigrantes em áreas estratégicas. A desconfiança em relação aos japoneses se manifestava tanto na linguagem oficial quanto na circulação de boatos e documentos que sugeriam o “perigo amarelo” — um eco local de teorias racistas de alcance internacional.
A nacionalização da educação e do mercado de trabalho foi acompanhada de vigilância sobre templos, escolas e associações culturais de imigrantes. O japonês, antes ouvido cotidianamente nas ruas dos bairros agrícolas, passou a ser associado à clandestinidade, e falar a língua tornou-se sinônimo de resistência silenciosa.
Essas políticas, porém, não apagaram a presença nem a contribuição nipo-brasileira. Ao contrário: ajudaram a fortalecer laços internos na comunidade, que se reorganizou com discrição, persistência e foco na educação e no trabalho, plantando raízes que ainda hoje marcam a paisagem humana e cultural londrinense.
A foto de Hans Kopper registra uma cena do centro de Londrina na década de 1930.
Fontes: Bruno Sanches Mariante da Silva. O ‘Perigo Japonês’ em Londrina (1934–1956): o caso da construção do aeroporto” (2008) / Acervo Londrina Histórica.
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