1935
No centro da imagem, o olhar sério de Luiz Vergés Dutra — jovem, magro, recém-saído do magistério em Curitiba — já revela o peso da missão que abraçava: educar. Com apenas 19 anos, Dutra foi designado pelo Decreto Estadual nº 275 de 9 de fevereiro de 1934 para assumir, junto com Remy Duszczak (um ano mais velho), a primeira escola pública de Londrina, em um tempo em que a cidade ainda era poeira, floresta e promessa.
A fotografia de 1935 é uma preciosidade histórica. Diante de uma escola modesta, construída em madeira tosca e com telhado de barro, cerca de três dezenas de crianças posam lado a lado, todas uniformizadas com guarda-pós brancos — uma escolha que revela mais do que um padrão estético: era uma forma de proteção contra o barro, a poeira e o desgaste das roupas em tempos sem calçamento. Os sapatos, para poucos, eram artigo de luxo; a maioria dos pés descalços tocava diretamente o chão cru da cidade nascente.
A escola funcionava em um terreno onde hoje se ergue o Edifício Julio Fuganti, símbolo da verticalização urbana que Londrina ainda veria décadas mais tarde. Naquele momento, porém, era a horizontalidade que predominava — tanto no desenho da cidade quanto nas relações de ensino, baseadas na proximidade entre mestre e alunos.
O gesto de Dutra reflete a força simbólica de um projeto nacional: era o início do ciclo de institucionalização da educação pública nas zonas de colonização agrícola. O Paraná, então vinculado ao ideal de “civilizar o sertão”, via nos professores enviados ao interior seus agentes de progresso. Em Londrina, Dutra e Remy toraram-se nomes inaugurais.
Fontes: Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Londrina Histórica.
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