1930
Pouca gente imagina que, antes das rodovias asfaltadas e dos caminhões abarrotados de sacas de café, Londrina foi construída passo a passo, casco a casco, pelos tropeiros. A fotografia da década de 1930, de autoria desconhecida, flagra um instante essencial dessa história: o deslocamento de homens e animais pela picada que ligava Jataizinho, então o principal ponto de travessia do rio Tibagi, à futura capital do café.
O trajeto, sinuoso e rudimentar, era a linha vital que levava mantimentos, correspondências, ferramentas e notícias ao núcleo de colonização que começava a brotar entre as árvores gigantes da mata virgem.
Na imagem, é possível ver três tropeiros, acompanhados de seus cavalos e mulas, fazendo uma pausa à sombra das perobas centenárias. Os animais, carregados com sacolas, cobertas e outros objetos, eram os caminhões de um tempo em que cada coisa tinha de ser transportada com paciência e força. A poeira dos cascos e o suor dos homens misturavam-se ao cheiro verde das matas que logo se transformariam em cafezais a perder de vista.
O tropear não era apenas transporte: era cultura. Os tropeiros sabiam cada curva, cada ponto de parada e cada perigo do caminho. Dormiam em ranchos improvisados, cozinhavam com lenha recolhida no mato e dependiam do companheirismo mútuo para enfrentar dias de chuva, insetos e doenças tropicais. Foi por essa trilha que chegaram os primeiros suprimentos para a instalação dos colonos ingleses da Companhia de Terras Norte do Paraná, que fundaram Londrina em 1934.
Se hoje Londrina é símbolo de progresso e urbanização, deve muito a esses anônimos que, montados em seus animais, transformaram picadas em estradas. O movimento diário desses homens, muitas vezes esquecidos nas narrativas oficiais, foi responsável por garantir o abastecimento e a comunicação entre o núcleo pioneiro e o restante do Estado.
Fontes: Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Acervo Londrina Histórica.
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