1937
A Londrina de 1937, ousada em ambição, parecia ter pressa de se firmar como a metrópole do café. Mas, nessa pressa, havia algo curioso: todos os carros que ousavam cortar a poeira vermelha podiam alinhar-se em uma única rua de terra batida, como mostra este registro feito pelo fotógrafo José Juliani.
São cerca de vinte automóveis enfileirados, cada um com seu motorista orgulhosamente posicionado junto à porta, como se participassem de uma espécie de parada cívica do progresso. Ao fundo, casas de madeira com telhados baixos e fachadas simples compõem a paisagem do núcleo urbano recém-plantado, contrastando com os cromados que reluziam no sol do Norte do Paraná.
A fotografia não é apenas curiosa pelo número reduzido de veículos, mas também pelo simbolismo: naquela época, ter um carro em Londrina era prova de pioneirismo e prosperidade. A maior parte dos habitantes ainda dependia de cavalos e charretes para o transporte de pessoas e cargas. Esses automóveis — em sua maioria Ford Modelo A e Chevrolet dos anos 1930 — eram também uma extensão do status dos comerciantes, fazendeiros e profissionais liberais que começavam a consolidar seus negócios na cidade.
Vale lembrar que as ruas ainda eram abertas com trator e enxada, a pavimentação era um sonho distante e o trajeto até Jataizinho — ponto de travessia do rio Tibagi — se fazia em horas, e até dias. Essa frota modesta seria, contudo, o embrião de uma cidade que, em poucas décadas, transformaria poeira em asfalto e se tornaria referência de modernidade no interior do Brasil.
Fontes: Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Acervo José Juliani / Acervo Londrina Histórica.
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