1935

Entre as tipografias carregadas e os superlativos de um panfleto de 1935, impresso no jornal Paraná-Norte, está a síntese publicitária de um projeto de colonização. “Terras roxas magníficas”, dizia o anúncio, com letras garrafais e promessas ainda maiores: livre da “saúva”, com “altitude própria para café”, clima “esplêndido” e “águas puríssimas”. Era a sedução gráfica da colonização moderna no Norte do Paraná.
A peça, assinada pela Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP), tinha tanto o tom comercial quanto projetava uma ideia de futuro: racional, fértil, rentável e, sobretudo, possível. Em um país de grandes vazios econômicos e sociais, o Norte do Paraná era vendido como exceção. O texto apelava àqueles que tinham suas poucas economias e queriam investir em terras para um futuro promissor e também para o pequeno investidor urbano, prometendo “vendas com facilidades no pagamento”, “ótimas rodovias” e até “serviço de ônibus”. Mais que terra, vendia-se infraestrutura e pertencimento.
O jornal como suporte não foi um acaso. Veículos como Paraná-Norte funcionaram enquanto vitrine da nova fronteira agrícola. Seu papel não se restringia à informação, era instrumento de convencimento. O panfleto é revelador: retangular, com marcas de carimbo e selo da CTNP, reforça a aura de legitimidade institucional. E a tipografia escolhida, por sua vez, evidencia a ansiedade da venda, típica dos tempos pioneiros.
O que hoje pode parecer exagero publicitário, foi, à época, catalisador de um dos mais bem-sucedidos projetos de ocupação dirigida do país.
Fontes: Companhia Melhoramentos Norte do Paraná / Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Acervo Londrina Histórica.
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