A imagem captada pelo fotógrafo Osvaldo Leite no início da década de 1980 mostra um cenário de transição: o antigo pátio ferroviário de Londrina, já sem os trilhos que por décadas marcaram o ritmo da cidade. Ao centro, o prédio da estação ferroviária resiste solitário, cercado por silêncio e terra batida. O que antes era passagem para vagões e passageiros, agora era um espaço à espera de ressignificação.

A estação visível na foto é a segunda construída no mesmo local, a primeira datava de 1935. A estrutura atual foi inaugurada em 1950, símbolo de uma cidade que ganhava importância no mapa econômico nacional. Por ela passou parte da história da região: sacas de café rumo ao Porto de Santos, migrantes chegando com promessas de prosperidade, malas, saudades e esperanças.

À direita da imagem, escondidas entre árvores e bananeiras, ainda estão algumas das casas funcionais da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), construídas para os trabalhadores que garantiam o funcionamento do sistema. Elas compunham uma pequena comunidade urbana marcada pelo apito dos trens e pelos horários rigorosos da ferrovia.

No final dos anos 1970, os trens deixaram de circular. A ferrovia, que por tanto tempo costurou o desenvolvimento de Londrina, foi desativada. No traçado deixado pelos trilhos, nasceu a avenida Leste-Oeste, pensada como via expressa para atravessar a cidade, ligando bairros e encurtando distâncias, não mais por vagões, mas por automóveis.

O prédio da estação, no entanto, encontrou nova função. Em 1986, tornou-se sede do Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss, e desde então guarda em seu interior parte da memória da cidade que cresceu ao seu redor, inclusive as lembranças de quando a ferrovia ainda marcava o tempo.

Fontes: Acervo Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Foto Osvaldo Leite / Acervo Londrina Histórica.

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