Numa "vista aérea" do centro, a elipse das praças aparece como um recorte claro na malha urbana: copas arredondadas pontuam o chão, canteiros desenham bordas, e os primeiros volumes mais altos começam a disputar a linha do horizonte. A paisagem tem o “verde” presente e não é por acaso: ela sugere uma cidade que, enquanto adensa, tenta manter o centro legível e respirável, por meio de árvores e vazios planejados.

Esse esforço fica mais evidente quando se olha para o que os mapas e registros urbanos revelam. Um levantamento aerofotogramétrico de 1950 mostra o conjunto Praça da Matriz e canteiros triangulares completando a elipse do traçado original, em composição com a Praça Marechal Floriano remodelada em 1943.

A geometria é mais do que “paisagismo bonito”, pois funciona como organização do espaço público: ordenar a circulação, oferecer sombra, produzir permanência. Aqui, arborizar é também afirmar centralidade: o entorno financeiro se reconhece no desenho da praça, e o desenho, por sua vez, define um modo de estar no centro.

Mas a mesma década exibe o outro lado do verde: o resíduo de mata nativa sob pressão urbana. O bosque municipal Marechal Cândido Rondon, mais antigo que muitas quadras ao redor, passou de terreno doado pelos colonizadores ingleses a espaço nomeado apenas em 1958, quando a cidade já havia apertado seu cerco de ruas, comércio e tráfego. Inclusive, muitas das árvores presentes hoje, são resultado de replantio.

Nesse contraste, os anos 1950 parecem menos uma “passagem do sertão à metrópole” e mais um ajuste fino: como civilizar sem apagar totalmente a sombra que veio antes, e como crescer sem perder o chão de referência que as árvores, em silêncio, sustentavam.

Fontes: Acervo Folha de Londrina / Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Foto: Acervo Oswaldo Leite / Acervo Londrina Histórica.

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