Na imagem, registrada provavelmente ainda na década de 1940, o trecho da rua Mato Grosso em frente ao Foto Estrela nos transporta a um momento decisivo da urbanização de Londrina. Sob o sol a pino, nada menos que 14 homens trabalham na pavimentação da via com paralelepípedos — processo lento, quase artesanal, em que pedra por pedra é ajustada com precisão sobre a terra vermelha, até então dominante no cenário urbano.

O que poderia parecer apenas mais uma obra de infraestrutura era, na verdade, um marco de civilização. A pavimentação significava a promessa do fim do barro nas chuvas e da poeira nos tempos secos, dois fantasmas da vida cotidiana nas ruas de chão batido. Era também um passo firme rumo à consolidação do comércio e da mobilidade urbana — elementos essenciais para uma cidade em franca expansão econômica, impulsionada pelo ciclo do café.

As casas de madeira que margeiam a rua, algumas funcionais como comércios, outras nitidamente residências, revelam a sobreposição de usos típica dos centros pioneiros. Em meio ao cenário, chama atenção a cerca repleta de paletós pendurados. Um gesto simples, quase poético: os trabalhadores tiram seus paletós antes de se lançarem ao ofício. A imagem sugere tanto o esforço físico quanto um senso de organização e cuidado com a aparência — afinal, ao fim do expediente, voltam a vestir o paletó.

A cena é uma síntese dos contrastes de Londrina naquele período: entre a madeira e a pedra, entre o improviso e o projeto, entre o trabalho braçal e o sonho urbano. Ao fundo, um prédio de alvenaria indica o avanço da modernização, enquanto a rua em obras antecipa a Londrina que viria a se consolidar como polo urbano e comercial do Norte do Paraná.

Fontes: Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Acervo Londrina Histórica.

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