A fotografia foi tirada em 1935 e é um testemunho vívido de uma Londrina em transformação. Naquele tempo, a então avenida Paraná era caminho de terra vermelha vital que conectava a incipiente cidade ao vilarejo de Jatahy – futuro Jataizinho. Hoje, rebatizada como avenida Celso Garcia Cid, a via foi palco dos primeiros passos rumo à urbanização que faria Londrina despontar como capital do café e motor econômico do norte do Paraná.

O cenário que se revela na imagem lembra uma zona de fronteira. As casas de madeira, alinhadas humildemente ao longo da rua, serviam de morada a pioneiros que chegavam de todas as partes do Brasil e do exterior, atraídos pelo solo fértil e pelas oportunidades de prosperar. As carroças puxadas por bois – cujos condutores, de chapéu e olhar atento, parecem posar orgulhosos para a lente – eram o principal meio de transporte de produtos, pessoas e sonhos.

Nessa época, não havia asfalto, rede de esgoto ou iluminação pública confiável. Era comum que a poeira tomasse conta de tudo nos dias secos e que o barro transformasse a picada em atoleiro durante as chuvas. Mesmo assim, comerciantes começavam a se instalar às margens da via, abrindo armazéns e pequenas vendas que abasteciam os colonos.

O traçado da antiga avenida Paraná não apenas ligava Londrina a Jatahy, mas também simbolizava o entrelaçamento do campo com o incipiente tecido urbano. Por essa estrada passaram rebanhos, carregamentos de café, famílias em busca de futuro e tropeiros que levavam notícias e mercadorias. Décadas depois, as mudanças seriam tão profundas que poucos reconheceriam na avenida Celso Garcia Cid a velha picada rural que ajudou a dar forma ao coração da cidade.

A história da via, renomeada em homenagem ao empresário Celso Garcia Cid, lembra que Londrina não nasceu pronta: foi erguida passo a passo, boi a boi, pelo esforço de quem acreditou em uma terra nova.

Fontes: Acervo Folha de Londrina / Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Acervo Londrina Histórica.

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