Quando o Monções virava concentração: o futebol que aqueceu o hotel e a cidade

1958




O Hotel Monções era um local de encontros. Reuniões de médicos, por exemplo, eram frequentes, especialmente entre meados dos anos 1950 e a década de 1960. Reuniam-se pelos mais diversos motivos, sendo um deles o futebol. A foto mostra um grupo de médicos comemorando a conquista do Brasil na Copa do Mundo de 1958. Orgulhosos, alguns mostram com as mãos o placar da final: cinco para o Brasil, dois para a Suécia.

O futebol, enquanto fervor coletivo, continuou movimentanto do Monções. Na década seguinte, quando o Estádio do Café emergia como palco de sonhos esportivos, era ali, nos corredores, que os jogadores do Londrina Esporte Clube se hospedavam. Para muitos atletas, dormir naqueles quartos era quase um rito de passagem, especialmente durante a temporada histórica de 1977, quando o time alcançou uma brilhante campanha no Campeonato Brasileiro.

O Monções tinha rotina própria nos dias de jogo. A cozinha adaptava horários, preparando pratos mais leves, enquanto funcionários e curiosos se aproximavam em busca de autógrafos e novidades sobre a escalação. O saguão se transformava em arena paralela, onde a torcida aguardava sinais do humor dos atletas.

Entre os hóspedes ilustres que praticamente moravam por lá estavam Marco Antônio e Carlos Alberto Garcia, craques que ajudaram a consolidar o Tubarão como potência do interior do Brasil. Havia quem dissesse que a mística de “entrar para ganhar” começava no café da manhã do Monções, servido em silêncio respeitoso, como se todo mundo temesse espantar a sorte.

O hotel também era ponto de encontro de torcedores apaixonados, que transformavam o bar e o restaurante em comitê de debates táticos. Ali, com uma caipirinha, eles projetavam vitórias, especulavam contratações e dividiam a ansiedade. O futebol, nesse microcosmo, unia lavradores, comerciantes, boêmios e industriais, todos partilhando a esperança de ver Londrina brilhar.

Quando o Monções encerrou suas atividades em 1983, levou consigo essas noites em que a bola e o café eram protagonistas de uma mesma história de pertencimento e emoção.

Fontes: “Monções: o hotel da ‘capital do café’”, de André Dantas, encontrado em: “Hotéis históricos do Norte do Paraná”, organizado por Paulo César Boni e Juliana de Oliveira Teixeira. Midiograf, 2013. / Foto: Acervo de Luiz Alberto Vicentini Filho / Acervo Londrina Histórica.

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