Bastidores do Monções: as estrelas, o café e as noites de glamour em Londrina

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A foto é um registro da época em que o prédio do antigo Hotel Monções, na rua Maranhão, ainda estava em construção. Se os salões do Monçõe tivessem voz, contariam histórias que misturam café, música e poder. Por trás de sua fachada elegante, desfilaram algumas das personalidades mais influentes do Brasil entre os anos 1950 e 1970, época em que Londrina, embalada pela riqueza do café, tornava-se ponto obrigatório no roteiro de empresários, políticos e artistas.

O hall de entrada amplo e bem iluminado, onde havia vozes de negociações milionárias, foi também cenário de episódios insólitos. O magnata da comunicação Assis Chateaubriand, dono dos Diários Associados, certa vez exigiu que se trocassem as roupas de cama de seu quarto três vezes ao dia. Seu capricho dizia muito sobre a aura de luxo e a reputação impecável de hospitalidade que o Monções cultivava.

Os corredores, onde representantes comerciais de São Paulo cruzavam com fazendeiros mineiros e vendedores de implementos agrícolas, viravam palco de encontros inesperados. Foi assim que Nelson Gonçalves, ídolo da música popular, acabou entoando um samba rasgado no bar do hotel, para a surpresa dos fregueses que, habituados à famosa caipirinha da casa, naquela noite brindaram ao som de sua voz inconfundível.

A cantora Elza Soares, conhecida por sua força e irreverência, fez do Monções sua casa quando se apresentava no Norte do Paraná. Há quem conte que Elza, após uma noite de show e celebrações, pediu que o restaurante improvisasse um mexido reforçado às quatro da manhã — prato que se tornaria lenda no cardápio noturno.

Jamelão, o eterno intérprete da Mangueira, também se hospedou ali. Ele se encantou com o salão do último andar, de onde se podia ver o vaivém da cidade ainda jovem, e brincava que a vista parecia “um rio de café se espalhando até onde a vista alcançava”.

O glamour dessas presenças refletia o papel de Londrina como capital cafeeira e ponto de encontro entre negócios e cultura. No Monções, hóspedes ilustres não eram apenas clientes: faziam parte de um enredo em que a prosperidade se misturava com música, boemia e o charme inconfundível de uma cidade que crescia depressa.

Fontes: “Monções: o hotel da ‘capital do café’”, de André Dantas, encontrado em: “Hotéis históricos do Norte do Paraná”, organizado por Paulo César Boni e Juliana de Oliveira Teixeira. Midiograf, 2013. / Acervo Londrina Histórica.

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