Onde antes cresciam cafeeiros, laranjeiras e flores sob o cuidado dos colonos japoneses da Colônia Ikku, o ronco dos motores de aviões passou a ecoar. A transformação do solo fértil em pista de pouso não foi apenas uma mudança física, mas um marco simbólico de um novo tempo para Londrina. O registro aéreo feito por Yutaka Yasunaka em 1958, poucos anos após a inauguração do Aeroporto Governador José Richa, eterniza esse momento de transição.

Inaugurado em 8 de abril de 1956, o novo aeroporto substituiu o antigo campo de aviação improvisado na região central da cidade e consolidou Londrina como um ponto estratégico da aviação regional no norte do Paraná. A área escolhida – até então ocupada por lavouras da colônia japonesa – tinha solo plano, boa drenagem e localização ideal, conectando a cidade em ascensão aos grandes centros econômicos do país. Mas sua história começa muito antes da pista asfaltada e do fluxo de passageiros.

A Colônia Ikku representa uma das contribuições dos japoneses à história da cidade. A presença nipônica em Londrina remonta aos anos 1930, quando famílias migraram em busca de terra fértil e oportunidades. Eram agricultores que transformaram matas virgens em pomares, hortas e cafezais organizados com precisão quase geométrica. O negócio que resultou na instalação do aeroporto pode ser considerado sob certa ótica, uma nova participação no progresso da cidade – agora doando raízes para que Londrina criasse asas.

O fotógrafo Yasunaka, que registrou esse momento de cima de um pequeno avião, era também um cronista visual da presença japonesa na cidade. Seu olhar sobre a pista recém-construída, ainda cercada por lavouras, revela a coexistência entre tradição rural e modernidade urbana. A nova pista era metáfora de uma Londrina que decolava.

Fontes: Blog Doc Londrina / Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Acervo Londrina Histórica.

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