Muito antes de se tornar um dos principais hospitais do Norte do Paraná, o Hospital Evangélico de Londrina nasceu como uma ideia teimosa, plantada em solo improvisado. O embrião dessa instituição é o Ambulatório São Lucas, que surgiu nos anos 1950 nas instalações desativadas da Escola Municipal Nossa Senhora do Carmo, doada pela prefeitura à Sociedade Evangélica, localizada na rua Pernambuco.

A estrutura era modesta: duas salas de madeira e um pátio. Foi ali que o médico Steffen Jr., nome emblemático da medicina londrinense, deu início ao atendimento com uma sala para exames, consultas e uma pequena farmácia de amostras. Em suas memórias, Steffen lembrava de dias em que chegava a atender até 50 pacientes — e saía exausto. Com poucos recursos, o improviso virou rotina: salas de aula foram adaptadas para funcionar como enfermarias temporárias, até que os pacientes pudessem ser transferidos para a Santa Casa.

A força dessa história está justamente no “puxadinho”. Por cinco anos, tijolo por tijolo, o sonho da comunidade evangélica foi sendo edificado, literalmente. Em 1955, com a presença do governador Moysés Lupion, foi inaugurado oficialmente o Hospital Evangélico de Londrina, agora com serviços de pronto-socorro, cirurgias e maternidade. Uma mulher internada durante a cerimônia protagonizou o primeiro nascimento da instituição, símbolo de uma cidade que, assim como o bebê, nascia para um futuro promissor.

Hoje, quando se passa pela tradicional fachada do hospital, talvez poucos saibam que tudo começou com a crença e a teimosia de um grupo que acreditava na dignidade da saúde pública. O Ambulatório São Lucas, além de um espaço de atendimento, foi também um marco da resiliência, da solidariedade e da construção coletiva de uma cidade.

Fontes: José Antônio Pedriali. Uma viagem através do tempo. Do pioneirismo à modernidade: evolução dos serviços médicos de Londrina. Londrina: Museu Histórico de Londrina, Unimed, 2021. 123 p. / Acervo Londrina Histórica.

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