A força feminina na origem do Hospital Evangélico de Londrina

1953



Antes que o jaleco branco se tornasse símbolo da autoridade médica, ele era, muitas vezes, vestido por mãos femininas anônimas, que costuraram com esforço e fé os primeiros socorros de Londrina. A história do Hospital Evangélico não pode ser contada sem a presença firme e silenciosa dessas mulheres – missionárias, pioneiras, aprendizes e autodidatas que, com devoção, cuidaram daqueles que precisavam.

A foto em destaque, datada de 1953, mostra Lauricinda Campos Santos em plena atividade em uma sala cirúrgica. Ela foi a primeira enfermeira oficialmente contratada pelo hospital, em 1954, mas sua importância vai além da função: representava uma nova etapa, em que o voluntarismo dava lugar à profissionalização da enfermagem local. Antes dela, atuava Alvarina, com modesta formação em farmácia, e ao lado delas, missionárias de várias origens religiosas.

Destaque especial merece a atuação da diaconisa Gisela Krieg, da Missão do Cristianismo Decidido, vinda de Marburgo, Alemanha. Essa missão religiosa, que manteve enfermeiras no Evangélico até 1967, foi um dos pilares da consolidação do setor de saúde hospitalar em Londrina, não apenas pelo cuidado, mas pela formação de futuras lideranças, como Neusa Marques. Ex-cozinheira, Neusa foi treinada pelas missionárias e, com o tempo, se tornou referência: foi chefe da enfermagem e também assumiu a bomba de circulação extracorpórea nas primeiras cirurgias cardíacas do hospital, conduzidas pelo doutor Ronald Souza Peixoto.

Esse bastidor feminino, muitas vezes invisível nas narrativas institucionais, moldou um modelo de cuidado em saúde que misturava compaixão, improviso e técnica. Se hoje o Hospital Evangélico é um dos principais centros de atendimento da região, é porque Lauricinda, Alvarina, Gisela, Neusa, e tantas outras cujos nomes estão no tempo, estiveram lá, com mãos firmes e corações atentos, curando mais do que feridas físicas.

Fontes: José Antônio Pedriali. Uma viagem através do tempo. Do pioneirismo à modernidade: evolução dos serviços médicos de Londrina. Londrina: Museu Histórico de Londrina, Unimed, 2021. 123 p. / Acervo Londrina Histórica.

Compartilhe

Inscreva-se

* respeitamos nossos inscritos, não enviamos spam.

Inscreva-se

* respeitamos nossos inscritos, não enviamos spam.

Cookies: nós captamos dados por meio de formulários para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade.