A fotografia é estática, mas revela muitos movimentos de uma Londrina que pulsava por entre as sombras dos edifícios e as diagonais das calçadas. Na imagem dos anos 1950, vemos a avenida Paraná rasgando o centro da cidade com sua geometria moderna, numa época em que ainda sussurrava promessas de grandeza. Em primeiro plano, a esquina com a rua Pernambuco é composta por construções modestas, sobrados térreos, alguns com telhas aparentes e fachadas sóbrias, que naquele momento resistiam ao processo de verticalização que já se insinuava no horizonte.

O edifício Salomé, ao centro, destaca-se nessa composição. Uma referência da arquitetura de transição, posteriormente demolido para dar lugar às Lojas Riachuelo. Por um período, ele representou o otimismo concreto de uma cidade que crescia para cima, literalmente. O Salomé j;a era uma declaração de intenções de uma Londrina que aspirava ao status de metrópole do norte.

Ao fundo, à direita, a alameda Miguel Blasi delineia os contornos da urbanização planejada, enquanto a Igreja Matriz, imponente mesmo à distância, ancora espiritualmente a paisagem. Suas torres gêmeas surgem como guardiãs da memória, observando discretamente a transformação da cidade em tempo real.

Neste registro fotográfico, são poucos os carros nas ruas e menos ainda as pessoas nas calçadas, sugerindo que este registro fotográfico tenha sido feito em um final de semana.

Era o tempo em que a cidade deixava de ser um projeto dos ingleses para se tornar a menina dos olhos do Brasil sulista. Essa Londrina de meia-altura, cheia de sonhos e poeira vermelha, não sabia ainda que ganharia avenidas congestionadas, shoppings e edifícios espelhados. Mas já sabia, ou ao menos intuía, que era diferente. Porque se edificava com ambição, em solo fértil de café e esperança.

Fontes: Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Acervo Londrina Histórica.

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