Na fotografia, Londrina não apenas posa: ela se projeta. Estamos na década de 1940, depois de 1941, com a pavimentação em paralelepípedos já avançada, e muito provavelmente depois de 1945, quando as amarras da guerra deram lugar ao ímpeto da reconstrução e do crescimento urbano. A cidade é jovem, mas já exibe os traços decididos de quem sabe onde quer chegar.

A praça hoje Willie Davids, é o ponto central dessa modernidade incipiente. Os canteiros bem desenhados, as luminárias elegantes e, sobretudo, a calçada de pedras portuguesas em desenho sinuoso indicam mais que gosto estético: mostram um projeto em curso. Ali, o urbanismo dialoga com os ideais da cidade-jardim, moldados à imagem e semelhança dos planos britânicos da Companhia de Terras Norte do Paraná. Cada curva no calçamento revela uma curva no tempo: uma cidade que flui, que se embeleza para se afirmar.

À esquerda, ergue-se em construção a segunda sede da companhia, clara, geométrica, quase solene, em contraponto ao casario mais sóbrio que a acompanha. Ao lado, a Associação Comercial e, adiante, o prédio da Prefeitura e Câmara de Vereadores, edifícios que sustentam o peso simbólico da institucionalidade em um território à pouco convertido do sertão em cidade.

Nos detalhes, a cena é um inventário do cotidiano: homens de terno e chapéu caminham com familiaridade; mulheres em vestidos esvoaçantes seguem firmes; crianças circulam, livres. Os carros estacionados, modelos americanos robustos, contam o prestígio do entorno. Ali transitavam empresários, comerciantes, autoridades e cidadãos comuns.

No fundo, o que parecia cenário revela ser estaleiro: cercas de madeira guardam lotes prestes a serem ocupados. A cidade, como um organismo vivo, está em crescimento visível, palpável. Uma Londrina em metamorfose. Um retrato de uma cidade que se pavimentava com pedras e ambições.

Fontes: Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Acervo Londrina Histórica.

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