1958
Em meados dos anos 1950, Londrina ainda se erguia à base de madeira, poeira e bravura. Foi nesse cenário que o pequeno ambulatório São Lucas, que deu origem ao Hospital Evangélico, tornou-se um laboratório de coragem. Os primeiros médicos chegaram com conhecimento e intuição. O doutor João Henrique Steffen Jr., pioneiro do atendimento, e Romeu Sales Fernandes, que o sucedeu, lançaram as bases do atendimento clínico local.
A consolidação do corpo hospitalar, no entanto, não ocorreu com uniformes brancos impecáveis, mas com batas manchadas de urgência. A entrada de profissionais como Adélio Luiz Cortes, Wilson Salles, Luiz Gonzaga Bortoni e José Antônio de Queiroz marcou o momento em que a cidade presenciou o nascimento de especialidades: cardiologia com Saul Broffman e Octávio Canesin, ortopedia com Lorenzo Izquierdo, patologia com José Luiz Pascoal e radiologia com Rodolfo Rizzi. Londrina deixava de esperar médicos: passava a formá-lo.
Um dos principais exemplos lembrados daquele período ocorreu com a chegada de Dalton Fonseca Paranaguá, em 1955, foi quando o bisturi encontrou a fronteira. Piauiense, formado no rigor da Marinha, trouxe para o norte paranaense um vocabulário cirúrgico até então inexistente. O livro “Uma viagem através do tempo. Do pioneirismo à modernidade: evolução dos serviços médicos de Londrina”, escrito por José Antônio Pedriali, conta que o doutor Steffen Jr. descreveu Dalton Paranaguá como “audacioso e crítico”, um equilíbrio raro entre prudência e ímpeto. Paranaguá abriu fígados julgados inoperáveis e extraiu tumores que pareciam sentença. Fez mais do que operar: ensinou que ciência também nasce do imponderável.
Sua atuação, e de outros médicos, impulsionou o Hospital Evangélico para além do atendimento hospitalar. Criou-se um ambiente de estudo, troca e observação, algo próximo de uma escola cirúrgica informal. Ali, sem anfiteatro ou instrumentais modernos, formou-se uma geração que aprenderia a duelar com o impossível.
Na foto, o primeiro corpo clínico do Hospital Evangélico, em 1958. Da esquerda para a direita, estão os médicos: Vicente José Lorenzo Isquierdo, Issao Udihara, João Henrique Steff en Junior, Regis Salles Azevedo, Heber Soares Vargas, Vander de Carvalho, Wilson Salles, José Luis Pascual Pascual.
Fontes: José Antônio Pedriali. Uma viagem através do tempo. Do pioneirismo à modernidade: evolução dos serviços médicos de Londrina. Londrina: Museu Histórico de Londrina, Unimed, 2021. 123 p. / Acervo Londrina Histórica.
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