A trajetória viva do grupo Boca de Baco

1990




Poucos grupos teatrais em Londrina atravessaram as décadas com a coerência artística e a inquietação criativa do Boca de Baco. Fundado em fevereiro de 1990 a partir de uma oficina com bancários e alguns estudantes do curso de jornalismo, sob coordenação do ator e diretor André Luiz Lopes (ex-Proteu), o grupo nasceu já comprometido com a criação coletiva. Sua primeira montagem, Amores de Moraes, baseada na vida e obra de Vinicius de Moraes, marcaria a tônica de um teatro que prioriza o processo, a pesquisa e o vínculo comunitário.

Nos anos seguintes, vieram espetáculos como Cartas Marcadas, Pornophonias e Palhaços, com apresentações em praças, escolas e festivais nacionais, mostrando que a rua e os espaços alternativos sempre foram tão importantes quanto os palcos convencionais. A transição para uma estrutura mais profissional se deu no início dos anos 2000, com a entrada do diretor Luiz Valcazaras, que trouxe a experiência do Núcleo de Investigação Teatral (NIT), aprofundando a oralidade e o trabalho do ator como contador de histórias.

Com encenações de obras como Fando e Lis, de Fernando Arrabal, e Esperando Godot, de Samuel Beckett, o grupo foi aos poucos consolidando uma linguagem própria. A trajetória inclui homenagens a Plínio Marcos e Vinicius de Moraes, projetos com leituras de Nelson Rodrigues, e o retorno constante ao trabalho de memória, como em Contadores de Imagens.

Nos últimos anos, mesmo diante da pandemia, o Boca de Baco manteve sua vocação formadora e coletiva. Retomou encontros com antigos integrantes, promoveu leituras dramáticas da mitologia grega no grupo de estudos Bacantes, e desenvolveu novas dramaturgias — como a mais recente, escrita por Renato Forin Jr., com direção de Valcazaras.

Em sua essência, o Boca de Baco é menos uma companhia e mais uma célula viva de criação teatral em Londrina. Um grupo que entende o palco como espaço de encontro, pesquisa e transformação, e que, mesmo após três décadas, continua a dizer: o processo ainda está em cena.

Fontes: Grupo Boca de Baco / Acervo Folha de Londrina / Acervo Londrina Histórica.

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