O anúncio impresso do restaurante San Remo parece uma janela para um tempo em que a cidade ainda aprendia a usar o Lago Igapó como cartão postal. No alto, a palavra “Italiana” anuncia a vocação do cardápio; no centro, uma fotografia noturna mostra o prédio à margem d’água, com luzes refletidas no lago. Abaixo, a propaganda enumera, sem poesia, a experiência que a casa vendia: “música ao vivo todas as noites”, “serviço a la carte” e, como detalhe revelador, “às margens do Lago Igapó (com playground)”.

A localização “próximo à barragem” aparece de modo recorrente em relatos de memória. O que chama atenção, porém, não é só onde ficava, mas como funcionava: o San Remo operava como um equipamento informal de lazer num ponto em que o lago não era apenas paisagem, mas infraestrutura de encontro, com área aberta, circulação constante e mesas que misturavam famílias, casais e conversas de negócio.

Um texto memorialístico do portal O Londrinense registrou a cena com nitidez: enquanto adultos almoçavam, crianças “brincavam no parquinho” e atravessavam correndo a barragem. À noite, a casa era também palco para o “show do Ney e sua Orquestra” ou da cantora Érika, sob a administração do “Seu Mitsi”. O registro, mesmo atravessado pela nostalgia, descreve o comportamento: música como fundo permanente, comida como pretexto, água como horizonte e, no meio, um restaurante que organizava a convivência.

O San Remo também aparece como referência em narrativas biográficas da cidade. Em um livro comemorativo dos 90 anos de Londrina, há o registro de um casal que se conheceu “no antigo restaurante San Remo”, em 1981. É um indício simples, mas consistente: o restaurante estava integrado à vida social a ponto de virar “lugar de encontro” literal, marcado por data e memória pessoal.

Fontes: Portal O Londrinense / Acervo Londrina Histórica.

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