Edifício Santo Antônio: o “alto” quando alto era dez andares

1954

Na foto atual, o edifício aparece de frente, com térreo comercial envidraçado e marquises contínuas. É um tipo de fachada que não pede contemplação: ela se impõe pela persistência, muitos andares iguais, por muitos anos. Na ficha E135 do inventário arquitetônico da prefeitura, o prédio é identificado como “Edifício Santo Antônio – Edifício ECB”, localizado na avenida Paraná, 35 (quadra 72 / lote 10), com uso misto: residencial e comercial.

A mesma ficha descreve um “rompimento da horizontalidade” no fim dos anos 1940, atribuindo ao Santo Antônio um papel inaugural na verticalização: não por ornamentação, mas por altura e presença urbana.

Quando se entra nos detalhes, o prédio revela uma lógica doméstica por trás do “arranha-céu” de época. A planta do pavimento, segundo o inventário, tem forma de “H”, com dois blocos ligados pelo volume das circulações verticais; cada bloco abriga apartamentos de três dormitórios, e a base comercial do térreo e sobreloja é destacada por molduras e revestimento em pedra, que a diferenciam do restante da torre.

Sobre datas e autoria, há uma divergência que vale registrar. A Folha de Londrina, em reportagem de 30/10/2004 (“Santo Antônio foi ‘Edifício das Viúvas’”), menciona um registro municipal de aprovação em 1947 para um prédio na avenida Paraná (quadra 72), associado pela reportagem ao Santo Antônio.

Já o inventário arquitetônico aponta aprovação em 27/12/1949, substituição em 1953 e habite-se em 1954, creditando o projeto ao arquiteto Edmundo Rezende e a construção à Empresa Construtora do Brasil S/A (ECB).

O que permanece inquestionável é o efeito urbano: o Santo Antônio “puxa a fila” ao transformar a avenida em lugar de morar acima do comércio, introduzindo outra densidade e outra forma de ver e de ser visto no centro de Londrina.

Fontes: Acervo Folha de Londrina / Inventário Arquitetônico da Prefeitura de Londrina – E135 (2019) / SUZUKI, Juliana Harumi. Idealizações de modernidade: arquitetura dos edifícios verticais em Londrina 1949-1969. KAN Editora. Londrina, 2011. / Acervo Londrina Histórica.