A evolução das classes de pavimentos: de 4 a 20 andares

1989



A verticalização de Londrina pode ser lida como mudança de “gramática” urbana. Não é só a altura: é o tipo de edifício que a cidade aprende a produzir e a habitar. Dos anos 1960 ao fim dos 1980, o centro sai do patamar dos prédios baixos e incorpora torres que, na época, já soavam como arranha-céus. Era a materialização do crescimento urbano e da ambição de uma cidade que sonhava em se tornar metrópole.

Os edifícios de 4 pavimentos dominaram os primeiros anos da verticalização londrinense. Em geral, dispensavam elevador e mantinham custos de condomínio mais baixos, tornando o apartamento opção para a classe média que queria morar perto do comércio e dos serviços. É a verticalização do cotidiano: menos símbolo e mais solução. Entre 1970 e 2000, essa categoria representou uma parcela significativa da produção imobiliária, democratizando o acesso à vida vertical.

Na faixa de cinco a nove pavimentos, muda o pacote técnico e financeiro. Elevador passa a ser esperado; surgem exigências de estrutura, manutenção e segurança. Construtoras que atuaram intensamente no período, como a Khouri e a Dinardi, especializaram-se nesse segmento, atendendo famílias que buscavam mais conforto sem os custos dos grandes empreendimentos. Elas ajudaram a popularizar o morar em altura sem empurrar o preço para o alto padrão.

Dez a quinze pavimentos é o salto de imagem: vista, privacidade, apartamentos mais amplos, um condomínio com outra lógica. Construções como o Residenciar Comendador (foto), localizado na rua Espírito Santo, 890, estabeleceram novos padrões arquitetônicos e de qualidade de vida. É também o momento em que o centro começa a ser percebido pelo skyline, e não apenas pelo alinhamento das fachadas na rua.

Já os gigantes de 16 a 20 pavimentos, como o Queen Elizabeth, na rua Pará, 1333, e o Embaixador, na rua Belo Horizonte, 734, simbolizaram o auge da ambição vertical londrinense até o ano 2000. E, no fim, “classes de pavimentos” dizem mais do que números: são um mapa de custo, técnica e desejo, do prédio sem elevador ao edifício que redesenha a avenida.

Fontes: Dissertação de Viviane Rodrigues de Lima Passos. A verticalização de Londrina: 1970/2000 – a ação dos promotores imobiliários (UEL, 2007) / Acervo Londrina Histórica.

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